O PORTÃO QUE SE ABRE

Portão de tábuas, rangendo ao vento,
Um abraço de paz, um novo momento.
Deixa o asfalto, o ruído, a pressa vã,
E encontra o silêncio da terra, da manhã.

O cheiro do orvalho, a umidade do chão,
O canto do grilo, suave canção.
Não há pressa aqui, só o ritmo calmo,
A mão que semeia, a colheita, o álamo.

A vida campesina, um livro aberto,
Onde a sabedoria caminha por perto.
Cada semente, um futuro a brotar,
Cada suor, uma história a contar.

Bem Viver, filosofia de alma e razão,
No cuidado com a terra, no partir do pão.
É a pausa que acalma, a paz que se alcança,
No simples milagre da vida que avança.

Que o barulho da cidade se apague em você,
E que o silêncio do campo ensine a viver.
Abre-se o portão, revela-se a canção,
Onde a terra encontra o coração.

— Ainor Lotério